HOMOSSEXUALIDADES

O projeto que hospeda este site

 

Acervo Alice Bee - Autoria Marcelo Figueiredo

Se você nem sabe o que é o LabEshu, clica na logomarca e você vai ser levado ao site do grupo, que está localizado no Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Pernambuco.

 

As bees do LabEshu me falaram que a ideia do projeto, que completou 10 anos ano passado, surgiu a partir de resultados de dois projetos desenvolvidos anteriormente,  o “Diálogos Suape” e o “Homofobia e processos de Subjetivação na Comunidade Homossexual do Recife”. 

Nesses projetos as beeshas acadêmicas escutaram as histórias de vida das gay e circularam pelo Vale.  Elas se depararam com informações que mostravam um aumento na epidemia de HIV e Aids no grande Recife, e que parecia ter a ver com um relaxamento das medidas de prevenção entre os HSHs. Uma das coordenadoras do projeto, a psicóloga Felipe Rios , explicou que:

Agrupados sob um mesmo título temos, na verdade, desdobramentos investigativos, que foram apresentados ao CNPq em editais variados nos últimos dez anos, abordando, a partir de diferentes frentes metodológicas, a vulnerabilidade de HSHs da grande Recife à epidemia de HIV. Na versão atual, iniciada em 2022, o projeto focará nos jovens HSH, os mais afetados pelo HIV conforme dados do Ministério da Saúde, para produzir uma análise de vulnerabilidade ao HIV, considerando o momento e os atravessamentos da pandemia da SarsCov2/Covid-19.

Ela falou de uma tal de perspectiva teórica — pensei que era outra beesha universitáriah, mas é como elas pensam o babado que estão pesquisando:

A gente dá relevo aos contextos comunitários e busca descrever as culturas sexuais que orientam as interações entre as pessoas. A gente entende a vulnerabilidade ao HIV como produto da sinergia entre dimensões sociais (relações de poder engendradas por marcadores sociais, como classe, idade/geração, raça/etnia, sexo/gênero etc.), programáticas (respostas governamentais à epidemia) e subjetivas (identidades, conhecimento, capacidades pessoais e emoções).  

Chique, né? Beesha intelectual é outra coisa. Fala fala, mas ninguém entende.  Eu vou tentar traduzir pra vocês, afinal, foi pra isso que fui convidada a ocupar este espaço. 

 

Sinergia é quando várias coisas acontecem ao mesmo tempo e não se sabe bem o que causa o quê, mas se sabe que o resultado é fruto da presença daquilo tudo. Vulnerabilidade é uma espécie de tendência para que algo ruim aconteça, no caso, a infecção pelo HIV, resultado da tal de sinergia entre vários processos. Pra o estudo, elas olham as concepções que se têm sobre as coisas e como essas crenças orientam o que acontece no dia a dia e na transa; olham os modos como os governos lidam com o assunto e também olham as questões mais pessoais. Tipo, como as beeshas pensam elas próprias, os traumas da homofobia, esses lances de identidade e outras coisas. 

 

Não sei se consegui explicar melhor que a beesha universitária, mas se você ainda tiver dúvidas sobre esse lance teórico, vai lá no Troca-Troca comigo e manda uma cartinha… Vou dar um jeito de encontrar uma resposta para a tua questão.

Pra fazer a pesquisa, as bees do projeto vão conversar com as gays e os cafuçus do Vale, com profissionais dos estabelecimentos de lazer LGBTQIA+ e de serviços públicos para este público. A Felipe Rios disse que:

Certamente, o estudo contribuirá para aprofundar a compreensão dos aspectos psicossociais das práticas sexuais, das medidas de prevenção e de exposição ao risco, possibilitando recursos para a elaboração de políticas públicas mais sensíveis à realidade dos HSH. 

Acervo Alice Bee - Autoria Marcelo Figueiredo

Nessa versão mais atual, o projeto tem atividades de difusão do conhecimento científico para a comunidade, tanto para as gay como para  profissionais dos serviços, e também para outras pessoas pesquisadoras do tema. 

 

Para isso, elas ressuscitaram o site do LabEshu — que foi atacado e desconfigurado em 2019, na onda fundamentalista que tomou conta do Brasil.

 

Dia sim, outro também, os títulos de dissertações e teses desenvolvidas vinculadas ao LabEshu apareciam na TV Câmara. Muita perseguição. As beeshas traumatizaram e deixaram o site delas morrer. 

 

Eu não acredito que você nunca tinha ouvido falar que o LabEshu ficou conhecido nacionalmente por esses discursos alarmistas, típicos de quando se quer provocar pânico moral para construir agendas e políticas públicas conservadoras. No pânico moral, a ideia é desqualificar simbolicamente um grupo ou categoria de pessoas para justificar ações para sua extinção. Espia só o vídeo que recuperamos do perfil @esquerdasexy do Instagram.

No caso, a questão era justamente a do investimento do governo na educação e ciência, em especial em pesquisas que abordavam as sexualidades dissidentes. Diziam que o que se fazia nas universidades públicas era "balbúrdia". Além de desqualificar as pesquisas e pesquisadoras citadas na plenária do Congresso Nacional, generalizaram o que algumas das eshuanas estudaram para o que os diversos grupos de pesquisa das universidades públicas fazem.

 

Com tais argumentos, justificaram a drástica diminuição de recursos financeiros para a educação, a ciência e o desenvolvimento tecnólogico, e quase destruíram as universidades públicas federais (no Brasil onde estão a maioria dos grupos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico)...

 

queryndah, as bees eshuanas passaram por maus bocados...

 

Mas, o vento soprou... Boa parte da população compreendeu o projeto de destruição que esteve em curso entre 2016 e 2022. A resposta se deu nas úrnas. Ui, olha só! Como estou politizada!? Devo ter sido possuída pelo espírito de Karl Marx quando escrevi essa parte do texto. Adoro ser possuída... Adoro barbas... A-DO-RO!!!

 

E as Deusas nos perdoem pelo que vou dizer aqui! Nada como uma pandemia com grande poder de fazer morrer, que, de diferentes modos, afeta todas as pessoas, como foi a pandemia de Covid-19, para mostrar a importância da ciência nas respostas aos problemas sociais e naturais, que afetam à humanidade e ao meio ambiente. Fazendo um paralelo sobre epidemias e catástrofes e o poder que têm em interferir nos modos como as sociedades pensam, equivocadamente, determinados temas, temos o próprio caso do HIV e da Aids. Mas, isso é muito assunto pra esta página. Um dia eu peço para a Felipe Rios contar aqui sobre isso.

 

Voltando para o plano de comunicação: Além do site do LabEshu, elas criaram este site pra que eu pudesse conversar diretamente com vocês. Nele a gente vai dar acesso facilitado à produção do projeto, que inclui, além de textos acadêmicos, pós-pornografia. Um modo de fazer comunicação em saúde sexual mais próximo da eroticidade das experiências das pessoas. DELÍCIA!

 

O projeto já adaptou e disponibilizou algumas das peças pós-pornográficas e vai produzir mais. Além de colocar aqui, em Na Agonia do Tesão, algumas também vão ser distribuídas nas redes sociais, disponibilizadas impressas para os serviços e entregues nas ações do grupo de pesquisa.

O projeto também vai realizar seminários com gente dos serviços pra apresentar os novos instrumentos de comunicação e estreitar colaborações . 

 

Acervo Alice Bee - Autoria Marcelo Figueiredo

Finalmente esse povo resolveu aparecer!!! Parece que o trauma de 2019 está sarando. E, com os novos ares que tomaram conta do Brasil a partir de outubro de 2022, resolveram "colocar a cara no sol.”

Quer colaborar com nossa pesquisa?

Acervo Alice Bee - Autoria Marcelo Figueiredo

Se você é beesha, cafuçu, HSH, tem entre 18 e 29 anos e quer colaborar com a pesquisa, passa uma mensagem pra mim, lá no Troca-Troca. Vou agendar uma entrevista BABADO! E vc ainda vai ganhar o nosso famoso kit prevenção - até camisinha com sabor as bees colocaram no kit!

 

E se você não é HSH, mas trabalha no Vale, ou presta serviços de saúde ou cidadania para HSHs, a gente também quer te entrevistar. Pra conhecer bem direitinho serviços de saúde e cidadania e opções de lazer para as gays e as HSHs temos  que entrevistar todo mundo que circula por ali, não importa se é okó, adé, amapô ou monokó!

 

Tá boua? Sou entendida no pajubá SIM! 

Ficha técnica

O site Alice Bee no Vale das Ninfas faz parte do plano de divulgação científica do projeto Homossexualidades, em seu desdobramento apresentado ao CNPq com o título de "Condutas sexuais de jovens homens que fazem sexo com homens e vulnerabilidade ao HIV à Covid-19".

Texto: Luís Felipe Rios

Revisão técnica: Karla Galvão Adrião

Copidesque: Mariana Andrade

Ilustrações: Marcelo Figueiredo

Desenvolvedor web: M. Menezes

Apoios

Edital Pró-Humanidades 2022/CNPq

Bosa de Produtividade em Pesquisa/CNPq

Programa de Pós-graduação de Psicologia Cognitiva da UFPE

Programa de Pós-graduaçao em Psicologia da UFPE